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NÃO SEJA TONTO, PADRÃO DE VIDA NÃO TEM NADA A VER COM FELICIDADE - PARTE II

Alguns dias atrás eu publiquei o artigo Não seja tonto, padrão de vida não tem nada a ver com felicidade , mas confesso que fiquei insatisfeito com o efeito prático do post.

Este site se define como um blog de filosofia econômica aplicada para a liberdade. Desta forma, qualquer coisa que não seja aplicável, não estará de acordo com meu objetivo.

Por isso decidir fazer uma série em que explicarei como tomar ações praticas para que tenha um padrão de vida com qualidade de vida.

PADRÃO DE VIDA OU QUALIDADE DE VIDA?

Para isso preciso fazer uma introdução aos diferentes tipos de custos. Tomei emprestado o excelente artigo do blog Millennial-Revolution como base para o desenvolvimento deste texto.

É impressionante como algumas pessoas conseguem sintetizar uma coisa que você sabe, porém não consegue explicar em palavras ou de forma clara para que os outros entendam. Todo meu apreço e admiração aos autores.

Eu sempre dividi as pessoas em dois grupos, as que são consumistas e as que são poupadoras, porém existe um terceiro grupo, é aquele que apesar de não ser consumista, vive no limite de seu orçamento e é infeliz com a vida por isso. Já que não conseguem encontrar explicação para o que acontece.

Elas são poupadoras mas sempre acontece alguma coisa que as tira da estabilidade financeira. Como diz o ditado ‘merdas acontecem”.

ENTENDA O CUSTO DAS COISAS

A gente, geralmente quando vai fazer uma compra, por exemplo de um carro. Coloca no papel o valor do carro, porém não inclui os custos secundários, que vem junto com esse bem, por exemplo: combustível, manutenção, seguro, impostos e gastos de reparos ocasionais como pequenas batidas.

Esta é a forma que a pessoa pensa o custo do bem adquirido

Agora observe que o custo real efetivo das coisas. O exemplo acima é de um carro, mas também poderia ser uma casa ou telefone celular.

Ao fazer uma compra nunca colocamos os custos que incorrerão após a aquisição do bem. Por isso que costumo dizer que você possui as coisas e as coisas passam a possuir você.

É preciso ter muito cuidado com o que deseja pois é bem possível que consiga.

Quando possui um bem, incorrerão custos posteriores a compra que muitas vezes não estão sobre nosso controle.

Por exemplo, o telhado da casa pode ser danificado por uma chuva de granizo, o esgoto entope, a fiação elétrica queima e precisa ser trocada entre outras coisas que acontecem em uma casa.

Existe um detalhe nestas despesas… só serão pagos por você se for o dono. Caso a residência seja alugada, os consertos deverão ser arcados pelo proprietário do imóvel.

Isso vale para outros itens, quando mais caro e complexo for o bem, mais incorrerá custos não previstos. Por isso quanto mais coisas você possuir mais será surpreendido com gastos não previstos em sua vida.

OS TRÊS TIPOS DE GASTOS

Basicamente existem três tipos de gastos que acontecem na vida financeira das pessoas, são eles:

1 – Gastos Básicos – São despesas que acontecem todos os meses, geralmente chamados de custos fixos. ( Comida, saúde, transporte, aluguel etc…)

2 – Gastos desnecessários – São despesas com itens como joias, viagens ou coisas não essenciais.

3 – Gastos emergenciais – Gastos que acontecem sem que você esteja esperando, como carro quebrado, chuveiro que queima ou celular que cai dentro do vaso sanitário.

Veja abaixo o modelo de uma pessoa que aluga e usa bens como casa, carro entre outros itens. Costuma parecer desta forma:

Este modelo corresponde as despesas dos autores do post original quando ainda trabalhavam, pagaram $800 de aluguel, tinham despesas básicas por volta de $1500 e viajavam duas vezes ao ano ao custo de $5000 cada período.

Agora veja como é o modelo de gráfico de quem é dono:

Quase todo mês acontece algo em que decorre despesas para consertar, limpar ou manter o bem comprado em perfeita ordem.

Essa é a grande diferença dos dois exemplos apresentados. Para quem aluga ou apenas faz uso. As despesas inesperadas são poucas e os gastos opcionais com diversão os fazem mais felizes com seu orçamento financeiro.

Quando se gasta dinheiro com diversão, como por exemplo viajando, primeiro você curte os preparativos, depois curte o momento em si, e depois ainda curte a lembrança e toda a bagagem cultural que ganhou.

Agora quando gasta dinheiro com uma emergência, esse gasto nunca o fará feliz, pois primeiro não é uma despesa que  escolheu ter. Depois esse gasto adicional vai te levar exatamente para o mesmo lugar que estava, não lhe traz nenhuma melhoria ou algo novo.

Se incluirmos o item felicidade nos gráficos, ficaria mais ou menos assim:

Observe que alinha amarela do gráfico que representa felicidade flutua entre o normal 0% para acima de 10% quando vai se aproximando os períodos de férias e gastos com coisas que eles amam fazer. Depois volta novamente ao normal. Este é o modelo que lhe permite ter felicidade com os gastos e despesas que possuem.

Agora observe o modelo de quem possui coisas em comparação com a satisfação e felicidade de de seus gastos:

Sempre que uma despesa inesperada acontece, seu nível felicidade cai, pois como o gasto não é uma opção, terá de desembolsar um dinheiro que muitas vezes estava planejando poupar para realizar algum sonho, como viajar, por exemplo.

Além disso, o desapontamento se torna angustiante, como se existisse alguma maldição, mal olhado ou alguma pessoa invejosa gorando as coisas. Já se sentiu assim?

QUAL A SOLUÇÃO?

A verdade é que “merda acontece” para qualquer pessoa, porém para as que possuem menos bens materiais, os riscos são bem menores. Não é possível saber o que vai acontecer no futuro, mas é possível ver o que é frágil e se precaver disso.

Se possui coisas que estão constantemente gerando despesas. Mesmo que perca dinheiro, se livre definitivamente destas porcarias.

Conheço um amigo que possui um carro que só lhe traz dor de cabeça. Mal consegue utilizar pois os custos de manutenção e reparo são tão altos que não sobra dinheiro para fazer uso.

O camarada se prende ao bem alegando que perderá dinheiro com a venda mas perde mais ao manter. Nestes casos, a melhor coisa é assumir o prejuízo e se livrar do problema. Além do dinheiro, a sua felicidade e saúde que está em jogo.

Se possui alguma coisa que lhe traz despesas constantes. Se livre dela e passe a alugar, ou melhor, apenas faça uso.

Hoje em dia até alugar virou besteira, é possível usar coisas sem a necessidade de locação. Existem enumeras start-ups oferecendo serviços que nos permite utilizar sem a necessidade da compra.

Como exemplo posso citar, Uber, Ainbnb, blablacar entre outros. Assim poderá ter um orçamento mais em linha e organizado, sem muitas surpresas e gastar com o que realmente te traz felicidade.

Já se foi o tempo em que possuir coisas era motivo de felicidade.

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