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OS 3 NÍVEIS DA EVOLUÇÃO FINANCEIRA

Tempos atrás escrevi um artigo em que abordo a questão do analfabetismo financeiro. Em conversas com amigos consigo identificar que existem pessoas com 3 níveis de conhecimento e evolução financeira:

OS ENDIVIDADOS

Esta categoria ainda pode ser separada por outros 2 tipos, os falidos financeiramente e os que vivem no limite de suas possibilidades.

Os endividados falidos, simplesmente não conseguem honrar seus compromissos. São tantas dívidas que sua capacidade de pagar contas já não é possível sem uma negociação ou sem se desfazer de bens.

Estas pessoas geralmente não têm controle financeiro algum, usam o limite da conta bancária como renda. Possuem empréstimos consignados e além disso, tem padrão de vida acima das suas possibilidades.

É muito importante entender o histórico e traumas, problemas e relação que essas pessoas têm com o dinheiro, muitas vezes um histórico de pais muito gastões ou sovinas fazem o indivíduo ter comportamentos irresponsáveis de forma irracional.

Até são pessoas que ganham muito dinheiro, no entanto não conseguem ficar com ele por muito tempo, é como se fosse uma maldição. Se este é o seu caso, revisite seu passado. Tente recordar como era a relação da sua família como dinheiro, existiam brigas entre seus pais por dinheiro? Faltava coisas ou você tinha tudo de mão beijada sem esforço e merecimento?

Tente identificar o que provoca seu comportamento atual e livre-se dele.

Os endividados com corda no pescoço, no limite das possibilidades retrata a grande maioria das pessoas que conheço, na verdade, quase a totalidade das pessoas que conheço são endividadas.

Segundo levantamento realizado pelo instituto Ipsos para a Fenaprevi, somente 30% das famílias brasileiras disseram que possuem alguma reserva financeira.

As pessoas que me refiro com corda no pescoço possuem dívidas, porém ainda conseguem honrar seus compromissos. Mesmo que muitas vezes tenham que recorrer a algum empréstimo ou limite bancário.

Gastam todo dinheiro que ganham e sempre tentam viver em um padrão de vida superior ao que seus rendimentos podem pagar. Não possuem reserva para emergências e quando conseguem alguma renda extra automaticamente encontram algum motivo para gastar.

Esse é o tipo de pessoa que não consegue sossegar enquanto não ver o saldo bancário zerado. É até engraçado, o camarada tira um extrato e vê uma grana lá parada, logo abre um sorriso e corre para torrar até o último centavo, sabe-se lá com o que.

Essa galera é a típica nova classe média brasileira. Financiam quase tudo que compram, não perdem uma promoção de final de mês. Não planejam suas finanças, curtem e tem orgulho do estilo Zeca pagodinho “deixa a vida me levar”.

POUPADORES E CONTROLADOS

Essa já é uma galera mais evoluída dos que comentei acima. Eles gastam menos do que ganham, no final do mês sempre sobra alguma graninha que geralmente vai para caderneta de poupança.

As economias nem sempre tem algum destino específico. Apenas economizam porque entendem que isso é importante e em algum momento irão usar.

investidores

O engraçado que observei deste perfil é que são pessoas mais simples, geralmente com renda menor do que os devedores, o que prova que não importa o que você ganha, mas sim quanto você gasta.

Para eles a reserva de emergência se confunde com o dinheiro para investir. O grande problema é que como não tem uma meta bem definida e pouco conhecimento sobre investimentos, nunca conseguem ir muito longe.

Além disso, tem um medo absurdamente inexplicável de perder o dinheiro que acumulou. Qualquer outro tipo de investimento que não seja a caderneta de poupança é terra de ninguém.

Seu maior sonho é comprar uma casa, para eles e também para a maioria dos brasileiros, a casa própria sempre será o melhor investimento do mundo.

OS INVESTIDORES 

Esses são a exceção à regra, pessoas que poupam dinheiro e conseguem fazer bons investimentos, quer dizer, nem tão bons assim. Pesquisa realizada pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida revelou que 85% investem em caderneta de poupança. Seguido por 5% em fundo de investimentos e 3% em previdência privada.

Renda fixa e Previdência privada é onde a grande maioria desse público aplica todo seus recursos. 

O investimento da moda no momento é o Tesouro Direto, que eu considero uma caderneta de poupança mais evoluída, menos de 0,3% dos brasileiros aplicam em renda variável. O que mostra como nós brasileiros ainda somos pouco evoluídos para modalidades de investimentos mais sofisticadas e rentáveis.

Ainda assim esses são a minoria que irão sofrer menos no futuro, depender menos do governo e ter uma vida mais confortável.

Os investidores são poucos, mas é este estágio que todos nós devemos buscar para atingir a independência financeira.

E você, em qual destes níveis de evolução financeira se encontra?

Imagem por JPLENIO

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