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Quem te guia, é seu medo ou seu desejo?

O medo é um mecanismo de defesa importante para nos manter vivos e atentos aos perigos reais da vida. No entanto, é facilmente possível deixar de viver com plenitude em função do medo.

Então neste sentido queremos ganhar muito dinheiro, o máximo possível. Em algum momento a gente consegue, a partir deste ponto toda a atenção e preocupação é a de não perder. Por incrível que pareça, todo o seu objeto de desejo e que significaria sua felicidade, passa a ser uma preocupação diária transformando sua vida em algo angustiante.

A parte vazia do copo não ensina como se faz para ser enchida

Engraçado, mas isso vale para qualquer coisa que temos como necessidade, desde objetos à relacionamentos. Mas será que não podemos desejar ser ricos, queridos e ter aprovação e reconhecimento das pessoas? Claro que sim, porém a riqueza e os bons relacionamentos não devem ser o propósito e sim a consequência dele.

Quem procura apenas um namorado está buscando amparo, proteção, carinho e segurança. Observe que essa pessoa busca suprir suas faltas. Todas suas intenções estão voltadas para si. Não quer correr riscos, exatamente pelo medo de perder o objeto de desejo, não é o desejo genuíno de construir um relacionamento. Neste sentido fazemos de tudo para não perder e se machucar. Este é o caminho da carência, o caminho da escassez. Por isso deixo a pergunta: Quem te guia, é seu medo ou seu desejo?

O excesso

Quando falamos de escassez, temos o outro lado da moeda em evidência, o excesso. Se observarmos, no mundo atual o quanto mais melhor virou normal. Banquetes exagerados, bebidas, roupas e sapatos aos montes, remédios, vitaminas, anti depressivos, cursos, treinamentos, reuniões, as metas. Tudo em excesso, mesmo assim, o sentimento de que sempre está faltando alguma coisa. Como diz Roberto Tranjan:

“O excesso existe no mundo de fora para compensar a escassez que habita o mundo de dentro” 

Excesso, a escassez e o medo

Essa tríade pode ser a ruína de qualquer pessoa que não volte seu olhar para observar a si próprio. Temos medo pelo fim de relacionamentos, medo de perder o emprego, de não ter uma profissão respeitada, medo de sermos rejeitados, julgados, medo de ficar sem recursos e passar necessidades, medo de ser responsável por pessoas, o medo do tédio, do enfado, da falta de objetivos e de passar a vida buscando coisas erradas, medo de descobrir que lutou por valores de merda, medo de falhar com a educação dos filhos. Temos medo!

Por isso é sempre mais fácil olhar a parte vazia do copo, então buscamos o excesso. Manter um olhar positivo não é ignorar a parte vazia, não precisamos negar nossos sentimentos e medos, é apenas não permitir que ela nos paralise.

Por isso precisamos sempre questionar nossos desejos, será que são carências ou algo realmente genuíno? O seu desejo existe para preencher as suas faltas ou para que viva com plenitude?

Artigo inspirado em parte do livro O velho e o Menino (Roberto Tranjan)

Imagem por Diego_Torres – Pixabay

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