O suicida procura uma solução de curto prazo para um problema de longo prazo. É muito triste quando uma pessoa chega a esse extremo, a violência de quem tira a própria vida escancara o abismo que estava vivendo.
No entanto, tem um outro tipo de suicida, este é mais comum do que se imagina, é o suicida covarde, o suicida a conta gotas… e neste caso, não percebemos sua infelicidade, suas angústias, a sua covardia diante de uma realidade deprimente. Não está entendendo? Vou explicar:
Nietzsche, dizia que a vida precisa ser boa a ponto de repetirmos eternamente sem arrependimentos, mesmo que estejamos em momentos ruins, deve-se viver com intensidade. ( Amor fati)
Toda vez que desejamos adiantar o tempo, pedir a sexta feira a tarde quando assim poderemos ter o happy hour, desejar que a semana passe para ficar em casa no final de semana, desejar que o ano termine porque está uma bosta e, de repente, se começar tudo de novo as coisas melhorem.
Toda vez que você pede para o tempo passar, toda vez que deseja que as coisas se adiantem, está pedindo a morte. É um perfeito exemplo de suicídio a conta gotas.
Você não está satisfeito com sua vida, então pede que ela passe rápido, que acabe, mas você é um covarde, não tem coragem de acabar com ela ou o que seria mais simples, mudar e se arriscar no desconhecido.
O medo de mudança
Diz uma história que na época da ditadura, uma mulher era torturada todos os dias pelo mesmo torturador. Um dia mudaram o torturador e neste momento a mulher entrou em pânico paralisante. Observe que até para ser torturado, não desejamos a mudança, o desconhecido apavora.
Todos os dias, muitas outras pessoas são torturadas, seja por seus maridos, filhos, familiares, no emprego por seus chefes ou pela própria rotina enfadonha. Elas são infelizes e tem total compreensão disso, no entanto já conhecem o torturador, mudar aquela realidade, apesar de ruim, implica em entrar no desconhecido, um verdadeiro abismo.
Neste sentido…
“A liberdade cobra um preço muito alto, nem todo mundo está disposto a pagar por ela”
Eu já fui uma dessas pessoas, na verdade todos nós precisamos fazer um exercício diário para aprender a lidar com as insatisfações e acontecimentos que nos fazem pedir que o tempo corra. Que a agonia passe, mas repito, isso é suicídio a conta gotas.
Vivemos tempo de pandemia, pessoas morreram e continuam morrendo, nossas matas ardem em fogo e todos os outros problemas que já existiam continuam aí, nos afrontando. Dá para pular para a parte em que chega a vacina?
A ideia de quando voltar ao normal faremos isso e aquilo, tudo isso é pedir a morte. Não existe normal, a vida é essa, com pandemia e máscara na cara. Não podemos esperar o alinhamento dos astros para viver, a vida é uma fração de instante presente e nada mais.
Chega de pedir para o tempo passar, vamos encarar a vida e mudar o que nos incomoda dentro do que estiver em nosso controle, pagar o preço e ser feliz.
Imagem por Pexels – pixabay
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