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Honestidade deve ser premiada?

Semana passada eu fiz uma viagem para Bonito – PE, uma região de muitas cachoeiras e natureza exuberante. Quando voltei para minha cidade, ao deixar o ônibus da agência e pegar minha chave do carro, por descuido deixei minha carteira cair e não percebi.

Em resumo, perdi a carteira em uma praça e ela foi encontrada por um jovem rapaz, que por trabalhar em uma operadora de internet, descobriu meu contato no banco de dados da empresa.

Entrou em contato comigo e marcamos para a devolução na empresa onde ele trabalha. Em retribuição ao tempo e cuidado despendido eu comprei uns chocolates e o presenteei como forma de agradecimento.

Passado isso, ao contar essa história para alguns parentes, eles me disseram que eu deveria ter dado dinheiro para ele, que eu provavelmente estou sendo mal falado pelo rapaz que fez a boa ação de me devolver. Esse acontecimento e comentários me levaram à reflexão que dá título a esse post.

A honestidade deve ser recompensada?

Será que você ao encontrar algo que não lhe pertence e tendo a possibilidade de devolver deve ser premiado? Eu acredito que honestidade é uma obrigação, apesar de ser louvável o gesto em uma sociedade doente como a nossa. É uma obrigação e o reconhecimento por tal ato é apenas a constatação de que você é uma pessoa confiável.

Da mesma forma, devemos gratificar um pai que cumpre suas responsabilidade de pai? Um marido que se empenha com as tarefas domésticas? Isso não é apenas fazer o que tem que ser feito?

Devemos entender a honestidade como algo a ser exaltado ou apenas uma obrigação?

Outra vez, também em uma viagem, conversando com um casal de suíços, eles me contaram que ficaram por um tempo na Bahia com um amigo deles, e esse amigo se exaltava por tirar algumas vantagens desonestas, como por exemplo pagar meia entrada com carteira de estudante falsa. O chamado jeitinho brasileiro que muitos se orgulham de praticar.

Penso que é por isso que quando alguém cumpre com a sua obrigação de devolver aquilo que não lhe pertence é tido como herói, passivo de recompensa. Obviamente devemos reconhecer essas qualidades que são em essência tímidas. Ninguém que é honesto precisa se afirmar como honesto, ele apenas é.

Eu fiquei muito grato por recuperar minha carteira, e nem tinha objetos ou valores que viessem a trazer algum prejuízo, mas apenas a dor de cabeça de refazer o documento e pedir novo cartão para o banco. Por isso agradeço imensamente à quem me devolveu, não por sua honestidade, que reconheço, mas pelo gesto e empenho em me encontrar e cumprir com seu dever de cidadão.

E você, o que pensa sobre isso? Fala mal de políticos, mas paga meia entrada com carteirinha falsa? Comenta aí…

Imagem por Michal Jarmoluk – Pixabay

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