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O medo da humilhação de ser alguém comum

Todo mundo quer ser importante, todos nós gostaríamos de fazer algo significativo, de ser lembrado e admirado.

Basta observar as redes sociais e lá temos um palco para exposição de pessoas tentando se mostrar de forma relevante, feliz e autêntica.  São inúmeras frases de efeito acompanhadas de fotos na primeira pessoa em um lugar qualquer.

Porque as pessoas acham que o que estão fazendo é tão importante? Essa teórica febre narcisista me leva a uma conclusão:

O medo da humilhação de ser alguém comum

Quem é você? O que você faz? Ou melhor, o que você fez? Quantas pessoas te seguem? Quantos comentaram em seu post do último final de semana? E a carreira, está trabalhando naquela empresa top? 

O quanto uma resposta sem muita relevância para essas perguntas pode influenciar negativamente na sua vida?  Será que temos que nos sentir importante a todo tempo, mesmo quando não estamos dando nenhuma contribuição para absolutamente nada?

Esses questionamentos, geralmente, estão cercados de julgamentos do tipo: Quem será que essa pessoa pensa que é? Será que ninguém fala para ela que não tem nada de especial…. Tá com o rei na barriga.

É muito confortante fazer esse tipo de julgamento, afinal, neste caso é sempre eles e não eu. 

Essa necessidade de admiração e ser especial, de ser notado é julgado por nós como arrogância, mas se observarmos a questão de uma forma mais profunda, a causa de toda exposição e  vontade de se mostrar diferente tem como pano de fundo o medo da humilhação.

 Este é o diagnóstico feito pela pesquisadora e escritora Brené Brow, mais especificamente relatado em seu livro A coragem de ser imperfeito ( Sextante, 2016)

Medo da humilhação

… – “não  consertamos o narcisismo de alguém colocando a pessoa no lugar dela e  lembrando-a de sua mediocridade. A humilhação está mais para a causa desses comportamentos do que para a sua cura. “

Por essa ótica aquela pessoa que criticamos por querer chamar a atenção dos outros para si mesma sofre de um terrível medo de não se sentir bom o bastante para ser visto, admirado e aceito.

Tudo que aparece nas redes sociais, na TV, na mídia de um modo geral são coisas especiais. Uma vida comum acaba se transformando em algo humilhante e desta forma seu valor é medido pela quantidade de likes que recebe na foto que postou em um restaurante badalado, no tapinha nas costas que ganha ao exibir o carro novo, que por sua vez será pago em 60 meses ( Ninguém precisa saber deste detalhe). 

As ideias de grandeza e a necessidade de admiração parecem um bálsamo para aliviar a dor de sermos comuns e inadequados –  Brené Brow

O engraçado de tudo isso é que essa necessidade de admiração só causa mais necessidade de admiração. Como somos influenciados por todos os lados para sermos especiais a coisa fica cada vez mais difícil.

Como sair dessa armadilha que nós mesmos nos colocamos, seja por se expor ou em outros casos, por nos sentirmos humilhados por aqueles que se expõem? 

Como tudo isso influencia em nossas finanças,  em nosso consumo e planejamento financeiro? 

Como aceitar que ser comum é normal e ser normal é ok?

Imagens por melkhagelslag –  Katielwhite91 – Pixabay

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