Pular para o conteúdo principal

Esteira Hedonista - Como cavar a própria cova

A maioria das pessoas se consideram felizes, tenho certeza disso. Se perguntar para qualquer pessoa se ela é feliz a maioria dirá que sim, mas, sempre existe um mas. A maioria também pensa… se eu tivesse um emprego melhor, se eu trocasse de carro, se meu apartamento estivesse pago, se eu tivesse mais dinheiro, se eu tivesse uma TV 4K de 72 polegadas, se eu pudesse viajar todos os anos para fora do país, se viesse aquela promoção, aí sim, seria completamente feliz.

Os exemplos beiram o infinito, todas as pessoas deste planeta acreditam que falta alguma coisa para completar sua felicidade, e geralmente essa coisa é algo relacionado ao consumo. É como se fosse a cereja do bolo que falta para completar uma vida plenamente feliz.

Como cavar a própria cova –  Esteira Hedonista

A adaptação Hedônica, esse viés complicado e pouco usual é o nome que se dá ao processo natural que nós humanos, após definirmos um objetivo para nossa felicidade e alcançado essa meta, voltamos ao estágio inicial e não importa o que aconteça, você pode ganhar na loteria ou perder um braço (isso vale para coisas ruins também),  – pesquisas já comprovaram que, apesar de altos e baixos, você retorna para o mesmo nível de felicidade de antes da conquista ou perda.

Nós, por natureza, somos seres esforçados, a gente vive buscando formas de melhorar nossas vidas, de buscar novos objetivos e desafios. O problema é que para cada realização, sobra menos espaço para satisfação e chega uma hora em que as coisas param de funcionar. É neste momento que caímos na esteira hedônica, sempre buscando alguma coisa, uma nova meta. Somado a isso temos uma indústria que produz coisas cada vez mais descartáveis, com o intuito exatamente de satisfazer essa corrida mental maluca.

Fuja do jogo de Ego e Status

A grande sacada é perceber que nossos desejos são efêmeros, eles são iguais a mentira, têm pernas curtas. A maioria dos teóricos desejos que nos farão mais felizes estão ligados ao status e servem apenas para massagear nosso ego.

“A maior liberdade é não se preocupar com o que as pessoas pensam sobre o seu status” – Ross Gittins

Nossa energia não deveria estar direcionada para aquisições, compras e consumo, isso é como cavar a própria cova, já que o tempo de vida gasto para conquistar essas coisas não se recupera. Perseguir esses pequenos altos que as coisas nos proporcionam é um erro.

Precisamos aprender a parar e apreciar, desfrutar de nosso nível natural de felicidade, sem a necessidade de turbiná-lo com alguma quinquilharia que ficará obsoleta assim que sair da loja.

É possível parar de trabalhar feito louco, se estressar menos e ainda alcançar a independência financeira se perceber o efeito da esteira hedônica, deixar de procurar impressionar os vizinhos e parentes, a felicidade com essas coisas passa rápido e a vida também.

Imagem por Daniel_Nobreda – Pixabay

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A realidade após três anos de FIRE

Com o último post, recebi algumas perguntas sobre como está minha vida neste momento e para matar a curiosidade de quem estiver interessado. Vou atualizar agora: A minha realidade após três anos de FIRE Investimentos Após aproximadamente 3 anos, meu patrimônio cresceu uns 25% e a renda passiva mais de 50%. Ano passado a média de reinvestimento ficou próxima de 30%, que é a meta que estipulei. A inflação tem sido uma preocupação pois meus gastos subiram por volta de 40%. Nesse sentido é muito importante ter atenção aos investimentos corrigidos pela inflação, mas também na recuperação de ativos que não seguem o ciclo econômico inflacionário, que é o caso dos fundos imobiliários. Falando em fundos imobiliários, existe uma constante tensão sobre a taxação e também as regras que estes ativos são submetidos. Enfim, esse é o risco Brasil, além disso ainda existe a constante impressão de que boa parte dos gestores de fundos estão trabalhando apenas em favor próprio. Mesmo assim ainda vejo esse...

Como eu atingi a independência Financeira

Acho que essa é uma das maiores curiosidades de alguém que está começando no mundo dos investimentos e que deseja atingir a independência financeira. Uma coisa importante que preciso falar é que nunca tive um super salário, minha profissão não tinha nada de especial, não sou nenhum gênio dos investimentos e tão pouco tive a sorte de dar a tacada certa. Eu sempre fiz investimentos, desde que comecei a ganhar dinheiro sempre guardei alguma parte, porém eu só adquiri a visão de longo prazo para alcançar a independência financeira aos 27 anos de idade, ou seja, 10 anos atrás. Então qual o secredo? Foco na Renda Quando eu tinha 27 anos, tracei um planejamento para alcançar a independência financeira aos 45 anos. E eu escolhi esse número como limite. Queria porque queria estar “aposentado com essa idade”. Nessa época eu já fazia investimentos no mercado de ações, mas meus resultados eram medianos para ruins. Foi nessa mesmo período que mudei minha estratégia de investir para ativo...

O pé sente o pé quando sente o chão

Tem uma frase famosa que algumas pessoas costumam dizer que é mais ou menos assim… “só vai dar valor depois que perder”. Obviamente, a maioria das pessoas que falam isso é porque estão se sentindo desvalorizadas, seja em um relacionamento ou no emprego. Mas não deixa de ser algo verdadeiro. É somente na ausência de algo que sentimos sua falta, neste sentido só sente falta de enxergar quem possui alguma deficiência visual, do contrário ela apenas enxerga e nem percebe a maravilha que é desfrutar deste sentido do corpo. A felicidade depende do sofrimento para que seja percebida. A frase que dá título a este post ” O pé sente o pé quando sente o chão” é de Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda. É incrível como é verdadeira e perturbadora, só temos consciência de nosso corpo quando ele entra em contato com atrito de algo, seja uma roupa confortável ou um sapato apertado. O primeiro emprego que eu tive com carteira assinada foi como office boy em uma importante agência de propaganda e m...