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Conforto é morte

Um dia desses eu estava vendo videos no youtube de forma aleatória até que apareceu o vídeo um de um casal que viajava de moto, mais precisamente uma Strada 250 cilindradas, eles largaram tudo que tinham para viver essa aventura e já estavam um ano e meio percorrendo a América do Sul.

Faziam questão de dizer que deixaram trabalho, faculdade, casa e tudo que tinham. Também era possível observar que não tinham muita ideia do que seria de seus futuros. Vendo aquele vídeo comecei a fazer inúmeros julgamentos do tipo… –  Nossa, legal… mas e quando chegar a velhice, como irão se sustentar?; Se acontecer algum acidente possivelmente não terão nem sequer como voltar para casa. – Coisas do tipo que toda pessoa sem coragem de tamanha ousadia costuma julgar. Como diz escritora Brené Breown:

“Nada pode nos fazer sentir mais ameaçados e mais incitados a atacar e envergonhar os outros do que ver alguém vivendo com ousadia.”

É muito fácil ser solidário com pessoas que estão mal, que estão tristes e infelizes. Dar conselhos para pessoas que estão por baixo é uma beleza… todo mundo tem alguma opinião, algum conselho e algo para acrescentar. Agora tente fazer o mesmo com alguém irritantemente bem sucedido. Momentos em que você está tentando conseguir pagar a conta de luz em dia e sua amiga pede conselhos se deveria viajar para Europa ou Oriente Médio. Tente neste momento ser solidário com este tipo de sofrimento.

A gente costuma julgar pessoas que vivem com ousadia pois temos medo da vulnerabilidade que nos é exigido para ter intensidade nas realizações pessoais. Usamos nossos cargos, títulos, status, conta bancária e posição social como escudo para atacar quem ousa ser feliz independente do que os outros pensem. Afinal, eu sou quem sou e por isso posso falar de você e até ignorá-lo. Esse é nosso escudo para o não conformismo e rejeição aos códigos tradicionais de status.

Como alguém ousa se recusar as armadilhas de uma formação tradicional e de um emprego entediante em um ambiente cheio de pessoas desinteressantes? Isso é uma afronta e por isso precisamos criticar, julgar e fazer todo tipo de crítica nos vier na cabeça.

É claro que o casal que usei como exemplo no começo do post deve ter suas preocupações com relação ao futuro e, de uma forma ou de outra, encontrarão o caminho para viver com dignidade a velhice. Falo mais, é bem possível que, por terem tamanha ousadia, o destino traga um futuro bem mais seguro pois já aprenderam a se guiarem por caminhos arenosos e tortuosos. Afinal de contas, conforto é morte!

Imagem por aatlas –  pixabay

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