Pular para o conteúdo principal

Investidor Preguiçoso

Durante muito tempo, aqui no Brasil, fui muito fácil investir. Qualquer pessoa com um pouquinho de conhecimento conseguia ter taxas de dois dígitos em renda fixa, até mesmo a capenga caderneta de poupança trazia ótimos retornos, e acredite, comparado com alguns países desenvolvidos que possuem taxa negativa, a poupança ainda é um ótimo investimento.

Para que estudar e se aventurar na renda variável? Era muito mais fácil tomar uma postura de agiota e emprestar dinheiro a altas taxa de juros. Isso acabou transformando o investidor brasileiro em um preguiçoso.

No entanto o Brasil aos poucos está mudando. Será muito difícil (não impossível) voltar aquela fase de juros de 14%. É provável que os juros até voltem a subir, no entanto a subida será bem menor que os eventos passados.

Esta nova realidade está levando muitas pessoas a se aventurarem no mercado de renda variável, porém esse mercado é diferente. É necessário entender não só o básico ( Juros, inflação, indexadores, SELIC e renda fixa) como também é necessário estudar o funcionamento da renda variável e o mais difícil de tudo, o próprio perfil e comportamento como investidor.

A B3 ( empresa dona da bolsa de valores de São Paulo) tem registrado recorde de novos investidores pessoa física, isso é realmente um dado a ser comemorado, no entanto qual é o preparo e qualificação destes investidores? Como irão lidar com a próxima crise global que inevitavelmente irá acontecer? Será que estão prontos para lidar com quedas de 40 a 50% de seus patrimônios em um único mês?

Será que o investidor preguiçoso acostumado com a curva ascendente e linear de seus investimentos em renda fixa estão prontos para lidar com o sobe e desce e a enxurrada de notícias fakes que ocorrem diariamente interferindo no seu humor e comportamento com o dinheiro?

No mundo desenvolvido (não gosto destas termologias), investimento de verdade é renda variável, é isso que desenvolve as empresas e consequentemente o pais como nação rica, é bom para todo mundo.

Estamos em um novo momento no Brasil, espero que essa queda dos juros seja uma realidade que veio para ficar. Se você que está lendo este artigo se identificou como investidor preguiçoso. Não precisa se desesperar e sair correndo para a renda variável, mas precisa começar a estudar, no seu tempo, com calma e sem medo, mas saiba que as coisas, para o bem de todos, mudaram.

 

Disclaimer – Eu não sou um analista/assessor de investimentos e nem pretendo ser, entenda que você é responsável por seus investimentos e decisões. Sou apenas um apaixonado por finanças  pessoais e minhas opiniões e escolhas são particulares a minha filosofia e valores. Em outras palavras, se fizer cagada com seu dinheiro não me culpe.

Imagem por Peter-facebook – Pixabay

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A realidade após três anos de FIRE

Com o último post, recebi algumas perguntas sobre como está minha vida neste momento e para matar a curiosidade de quem estiver interessado. Vou atualizar agora: A minha realidade após três anos de FIRE Investimentos Após aproximadamente 3 anos, meu patrimônio cresceu uns 25% e a renda passiva mais de 50%. Ano passado a média de reinvestimento ficou próxima de 30%, que é a meta que estipulei. A inflação tem sido uma preocupação pois meus gastos subiram por volta de 40%. Nesse sentido é muito importante ter atenção aos investimentos corrigidos pela inflação, mas também na recuperação de ativos que não seguem o ciclo econômico inflacionário, que é o caso dos fundos imobiliários. Falando em fundos imobiliários, existe uma constante tensão sobre a taxação e também as regras que estes ativos são submetidos. Enfim, esse é o risco Brasil, além disso ainda existe a constante impressão de que boa parte dos gestores de fundos estão trabalhando apenas em favor próprio. Mesmo assim ainda vejo esse...

Como eu atingi a independência Financeira

Acho que essa é uma das maiores curiosidades de alguém que está começando no mundo dos investimentos e que deseja atingir a independência financeira. Uma coisa importante que preciso falar é que nunca tive um super salário, minha profissão não tinha nada de especial, não sou nenhum gênio dos investimentos e tão pouco tive a sorte de dar a tacada certa. Eu sempre fiz investimentos, desde que comecei a ganhar dinheiro sempre guardei alguma parte, porém eu só adquiri a visão de longo prazo para alcançar a independência financeira aos 27 anos de idade, ou seja, 10 anos atrás. Então qual o secredo? Foco na Renda Quando eu tinha 27 anos, tracei um planejamento para alcançar a independência financeira aos 45 anos. E eu escolhi esse número como limite. Queria porque queria estar “aposentado com essa idade”. Nessa época eu já fazia investimentos no mercado de ações, mas meus resultados eram medianos para ruins. Foi nessa mesmo período que mudei minha estratégia de investir para ativo...

O pé sente o pé quando sente o chão

Tem uma frase famosa que algumas pessoas costumam dizer que é mais ou menos assim… “só vai dar valor depois que perder”. Obviamente, a maioria das pessoas que falam isso é porque estão se sentindo desvalorizadas, seja em um relacionamento ou no emprego. Mas não deixa de ser algo verdadeiro. É somente na ausência de algo que sentimos sua falta, neste sentido só sente falta de enxergar quem possui alguma deficiência visual, do contrário ela apenas enxerga e nem percebe a maravilha que é desfrutar deste sentido do corpo. A felicidade depende do sofrimento para que seja percebida. A frase que dá título a este post ” O pé sente o pé quando sente o chão” é de Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda. É incrível como é verdadeira e perturbadora, só temos consciência de nosso corpo quando ele entra em contato com atrito de algo, seja uma roupa confortável ou um sapato apertado. O primeiro emprego que eu tive com carteira assinada foi como office boy em uma importante agência de propaganda e m...