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Como calcular sua independência financeira?



Postado por: André Rocha Seção: Investimentos


Quanto devo juntar para viver das minhas aplicações? Conheça a fórmula. Além do gasto familiar, os juros reais assumem papel relevante nessa equação. Com a expectativa da queda da Selic, o investimento em bolsa ganhará papel de destaque no portfólio dos investidores nos próximos anos.
O mercado de trabalho possui alguma relação com a teoria evolutiva. No início da carreira, o profissional busca a sobrevivência. Não está preocupado ainda em formar reservas financeiras. O aprendizado e o acúmulo de experiência compensam uma remuneração pouco atrativa. Quem já foi estagiário sabe do que estou falando. Com o tempo, o incremento de conhecimento permite ao trabalhador ou empreendedor galgar voos maiores. É possível que, a essa altura, já tenha obtido alguma segurança financeira, como por exemplo, uma poupança que represente alguns meses ou anos de trabalho. Por fim, a meta de todos, mas nem sempre alcançada: a independência financeira.
Quanto é necessário juntar? Como calcular esse número mágico? Ele é função basicamente de duas variáveis: os juros reais e o nível das despesas pessoais. A primeira é exógena ao investidor. Ele não possui controle. Contudo a segunda é função do padrão de vida escolhido. É uma decisão pessoal.
Caso o investidor seja mais conservador, querendo consumir apenas os rendimentos e não o principal, o patrimônio necessário para garantir a independência financeira é obtido pela fórmula:
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Assim, se o investidor tiver uma despesa média mensal de R$ 10 mil e os juros reais esperados sejam de 3%, o patrimônio necessário para garantir a independência será de R$ 4 milhões (R$ 10 mil x 12 / 0,03). Essa equação é muito sensível à variação da taxa de juros. Caso eles sejam de 4%, o patrimônio necessário seria 25% menor - R$ 3 milhões. Isso mostra a importância de buscar investimentos mais rentáveis.
Esse patrimônio deve considerar apenas os ativos que geram algum rendimento. Não vale levar em conta o imóvel utilizado como residência ou o de veraneio.
Caso o investidor não queira deixar qualquer herança, consumindo todo o patrimônio durante sua existência, a fórmula é um pouco mais complexa. É necessário estimar a expectativa de vida. Há um risco atuarial. Por exemplo, um indivíduo com 55 anos, com estimativa de viver mais 30 anos, investimentos rendendo 3% ao ano e gastando R$ 10 mil ao mês, necessitaria de R$ 2,352 milhões para alcançar sua independência. Nesse caso, para o cálculo, é necessário uma planilha excel utilizando a função VPL (ou NPV se o excel estiver em inglês) ou uma calculadora financeira (PMT=120.000; i=3; n=30 e a tecla PV - “present value” - indicando o patrimônio necessário).  Mas nesse caso, nosso personagem morreria sem um tostão. E se ele viver mais alguns anos? A situação não seria cômoda.
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O orçamento familiar é uma decisão voluntária do investidor, mas os juros esperados das aplicações fogem do seu controle. É uma variável dependente das condições macroeconômicas. Os juros reais brasileiros, calculados com base na Selic menos a inflação medida pelo IPCA, vêm caindo consistentemente desde 2005. Atingiram 12,6% em 2005, encerrando 2011 em 4,8%. Para 2012, espera-se nova queda para 3,6%. É importante ressaltar que essa é a rentabilidade bruta, havendo ainda o desconto do imposto de renda que varia de 15% a 22,5% dependendo do período do investimento. Logo a rentabilidade recebida pelo aplicador é ainda menor.
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Assim, o investidor brasileiro nos próximos anos terá que sair do conforto das aplicações referenciadas ao CDI caso queira ter rentabilidade mais robusta. Com a queda dos juros, a economia brasileira deve tornar-se mais dinâmica, beneficiando a economia real. Dessa forma, o investimento no mercado acionário tende a ser uma decisão natural. Esse discurso soa familiar, não? A fórmula acima comprova matematicamente que esse caminho é inevitável.

Fonte: http://www.valor.com.br/valor-investe/o-estrategista/2579362/como-calcular-sua-independencia-financeira

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