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Taquei o FODA-SE

Eu acredito que já tenha comentado aqui que larguei o emprego, mas não falei o por quê e acho interessante compartilhar.

No começo do ano, por volta de fevereiro (2019), fui demitido do emprego que já trabalhava a seis anos. Como acontece com todo pé na bunda que levamos, fiquei por um pequeno período de tempo triste, como se precisasse provar meu valor para aqueles que me dispensaram ( uma espécie de troco).

A verdade é que depois de alguns e-mails e contatos em menos de duas semanas já estava trabalhando novamente, com salário maior do que o anterior, porém ter dado o troco não me fez mais feliz. Eu não fiquei melhor por voltar a trabalhar e nem por ganhar mais dinheiro. Percebi que o ambiente mudou, as pessoas mudaram, mas tudo era a mesma coisa.

Reuniões improdutivas, pessoas superficiais, metas corporativas, regras, processos chatos e inúteis. Não sei porque, mas tudo aquilo não estava fazendo mais sentido. Talvez eu não me enquadre no modelo corporativista, mesmo em teóricas boas empresas, com emprego invejado pela maioria das pessoas, as coisas não dão liga.

O emprego era bom, desafiador, traria bastante aprendizado e ainda com melhor salário, mas não estava legal. Eu, a cada manhã que levantava precisava respirar fundo para encarar mais um dia. Enxergava movimentos bovinos nas pessoas, seja no transporte ou nos horários para as refeições e todo resto, tudo parecia como uma grande manada. Não sei se é somente eu vejo desta forma, mas quero comer quando sinto fome e não no horário que alguém determinou, quero produzir quando me sinto produtivo, isso vale também para dormir e acordar.

Taquei um foda-se

TAQUEI UM FODA-SE

Como tudo que eu interagia durante o dia parecia me falar… – Peça demissão! Seja uma placa de transito escrito PARE, um livro que estivesse lendo ou até uma musica qualquer. Tudo parecia me dizer Demita-se! Como sou um cara que procura tomar ações dominado pela razão, me permiti duas semanas para ver se aquele sentimento passaria.

No final das duas semanas, em uma sexta feira chuvosa, a noite, comuniquei minha demissão. Me despedi dos colegas de trabalho, virei as costas e nunca mais voltei. Naquela noite o ar estava diferente, sentia um misto de alegria e medo e tudo isso era muito excitante.

Uma vez li um texto de um blog FIRE, lá de fora, que falava algo mais ou menos assim:

Se você não sabe onde está, pare de andar. Você vai querer se mexer porque, quando se mexe, sente que está agindo. Você sente que está progredindo. Na realidade, você provavelmente está se perdendo. Lute contra o desejo de continuar e sente-se. Espere. Olhe para o seu mapa, oriente-se, descanse e confie. Você descobrirá onde está ou alguém o encontrará. ( Esta foi uma orientação de um guia turístico sobre se perder na trilha) – https://www.the76kproject.com/

Acho que é este meu momento, preciso parar, olhar para o mapa, descansar. Em outras palavras poderia dizer que é um sabático, em outras menos educadas… mandar todo mundo a merda e de uma forma mais popular, tacar um foda-se.

Financeiramente, com certeza, não é a melhor decisão, mas esse é o lado bom da independência financeira, até mesmo antes de a ter 100%, uma independência parcial lhe permite tomar decisões que vão trazer ganhos a longo prazo.

Afinal de contas, qual é o valor da sua saúde mental?

Leia também:

Foda-se o dinheiro

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