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Faz-se necessário entender que ganhar a vida se tornou ganhar a morte

Estamos chegando na reta final para terminar mais um ano, como sempre, começa a pipocar nas redes sociais pessoas dizendo coisas do tipo… – Graças a Deus está acabando, ou – Não vejo a hora desse ano acabar. De um modo geral, os finais de ciclos são bons para teóricas renovações.

As coisas estão ruins? O final de ano coloca tudo de volta no ponto de partida. O problema que observo é que as pessoas só enxergarem o ponto de partida e a linha final, o mais importante que é a caminhada, ninguém vê, ninguém deseja.

O triste desta situação é que não percebemos que estamos pedindo para morrer mais rápido. É um discurso radical, eu sei, mas toda vez que desejamos adiantar o tempo tiramos a possibilidade de viver o momento presente.

À algum tempo eu publiquei um artigo que cabe reproduzir, parte dele, novamente neste momento:

O filósofo Nietzsche dizia que se você esgota a sua vida, ou seja, se vive de forma plena seu presente, a morte é uma consequência feliz, irá morrer no momento certo. Teoricamente está pronto para morrer quando esgota aquilo que tem para viver na sua plenitude, mesmo que esteja ruim. (Amor fati)

As pessoas tem suas vidas dominadas pelo período que usam trabalhar, o tempo que sobra, aquilo que resta é o que poderá ser encaixado em suas vidas.

“Morremos a cada dia, a cada dia falta uma parte da vida.” – Sêneca

A necessidade de trabalhar somente por dinheiro tira o propósito, deixa o valor do ofício em segundo plano. Estamos sacrificando nossos sonhos por dinheiro, porém esse processo é tão devagar que nem notamos a pele enrugar, o cabelo ficar branco e as doenças da idade aparecerem.

O emprego nos dá segurança, uma casa bem mobiliada e uma velhice tranquila, são exatamente essas coisas que conseguimos notar e contamos com o passar do tempo.

Como afirma Nassin Taleb, –  Quanto mais tempo a pessoa fica em uma empresa, mais investimento emocional ele terá em permanecer e, ao sair, tem a garantia de fazer uma “saída honrosa”.

Mais uma vez, coloco a necessidade de buscar a Independência financeira para fugir desse destino. Trabalhar apenas por dinheiro não tem o menor problema, desde que seja para servir aos seus próprios propósitos.

Onde foram parar nossos sonhos

Até mesmo se vivêssemos sem nenhuma limitação financeira e nos livrássemos do trabalho que agride nossos valores, não teríamos capacidade psicológica para nos vermos livre dele.

Geralmente nos enxergamos como nosso emprego, queremos tirar do emprego a autoestima que nos falta e o pertencimento que não encontramos na sociedade.

Como você se sente ao falar o que faz? Sente orgulho ou um pouco envergonhado? Qual o tamanho de sua estima ao afirmar “ Eu sou…”? Passamos a elencar pessoas por categorias profissionais, por cargos administrativos, por folha de pagamento. Totalmente voltados e ancorados pelo ego.

É um novo sistema de casta, uma forma de classificar pessoas sem nem mesmo notarmos.

Neste processo nos perdemos de nossos sonhos, vivemos sem propósito e significado, assim, até o mais belo ofício será apenas uma relação comercial. Quando o perde, e irá perde-lo em algum momento, terá apenas uma vida vazia.

Levantar na segunda pela manhã pedindo a sexta ou que o ano termine é sintoma de que precisamos buscar um sentido maior para nós mesmos.

Faz-se necessário entender que ganhar a vida se tornou ganhar a morte.

Precisamos romper com essa mentalidade degenerativa de sonhos e de autoestima. A pergunta que fica é… você está desejando que o ano termine?

Imagem por jarmoluk – Pixabay

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