Pular para o conteúdo principal

Mais do que você deseja é o que está disposto abrir mão

A via negativa é uma das melhores formas de fazer escolhas inteligentes. Isso acontece porque é mais fácil saber o que não queremos do que o que desejamos.

A gente costuma cometer muitos erros fazendo escolhas com base naquilo que desejamos pois não levamos em conta o preço que é necessário ser pago para realizar nossos intentos.

Por exemplo, acho que todo mundo gostaria de ter as contas em dia, uma gorda conta bancária e investimentos com altos rendimentos, porém são poucas as pessoas que estão dispostas a fazer um orçamento, controlar, monitorar as despesas, poupar, estudar e investir.

São poucas as pessoas que pegam uma parte de seu final de semana para entender juros compostos, inflação e como usar tudo isso a seu favor.

Eu tenho uma amiga que, já ha alguns anos, vive entrando no cheque especial. Eu já me propus a ajuda-la diversas vezes, mas o que sempre acontece, depois de alguma melhora, é ela voltar a se endividar e permanecer no vermelho. Será que não gostaria de ter um orçamento saudável? Claro que sim, é óbvio que ela sofre com as contas bagunçadas, e, apesar de ter um ótimo salário, não consegue entender porque não dá conta de pagar tudo que precisa.

A questão é que apesar de ela desejar as contas em dia, não quer deixar de usar seu carro SUV financiado em 60 parcelas. Ela não quer deixar de ir aos happy dos amigos da empresa e também não está nem um pouco afim de controlar as contas para buscar oportunidades de melhorias.

Entendeu? Querer sair do vermelho ela quer, mas pagar o preço não.

Da mesma forma tenho um amigo que gostaria muito de deixar o emprego que trabalha atualmente, pois é um emprego que agride seus valores pessoais. Ele é uma pessoa triste, acorda desmotivado todos os dias, para levantar da cama é um sofrimento, detesta o convívio de amizade superficial e ambiente competitivo da corporação, mas, no entanto, ele tem um altíssimo salário e isso lhe proporciona uma vida muito confortável, mais ou menos aquilo que chamo de algemas de ouro.

A grande pergunta que ele deveria fazer nesse sentido é: Estou disposto a perder essa alta renda em função de uma vida com mais significado, apesar de mais simples? Estou disposto a correr o risco para ser livre?

O que importa não é o que uma pessoa tem ou não tem: é o que ele ou ela tem medo de perder – Nassin Taleb

Quanto mais coisas você tem a perder, mais frágil você é. Não é a toa que conceitos minimalistas, essencialistas levam o indivíduo, de uma forma até que por osmose, a liberdade, seja ela de espirito ou material pelo simples fato de não ter muito a perder.

Se  não está disposto a pagar o preço, então é porque nunca desejou realmente. NEM TENTE! Será perda de tempo.

Imagem por greyerbaby- fixabay

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A realidade após três anos de FIRE

Com o último post, recebi algumas perguntas sobre como está minha vida neste momento e para matar a curiosidade de quem estiver interessado. Vou atualizar agora: A minha realidade após três anos de FIRE Investimentos Após aproximadamente 3 anos, meu patrimônio cresceu uns 25% e a renda passiva mais de 50%. Ano passado a média de reinvestimento ficou próxima de 30%, que é a meta que estipulei. A inflação tem sido uma preocupação pois meus gastos subiram por volta de 40%. Nesse sentido é muito importante ter atenção aos investimentos corrigidos pela inflação, mas também na recuperação de ativos que não seguem o ciclo econômico inflacionário, que é o caso dos fundos imobiliários. Falando em fundos imobiliários, existe uma constante tensão sobre a taxação e também as regras que estes ativos são submetidos. Enfim, esse é o risco Brasil, além disso ainda existe a constante impressão de que boa parte dos gestores de fundos estão trabalhando apenas em favor próprio. Mesmo assim ainda vejo esse...

Como eu atingi a independência Financeira

Acho que essa é uma das maiores curiosidades de alguém que está começando no mundo dos investimentos e que deseja atingir a independência financeira. Uma coisa importante que preciso falar é que nunca tive um super salário, minha profissão não tinha nada de especial, não sou nenhum gênio dos investimentos e tão pouco tive a sorte de dar a tacada certa. Eu sempre fiz investimentos, desde que comecei a ganhar dinheiro sempre guardei alguma parte, porém eu só adquiri a visão de longo prazo para alcançar a independência financeira aos 27 anos de idade, ou seja, 10 anos atrás. Então qual o secredo? Foco na Renda Quando eu tinha 27 anos, tracei um planejamento para alcançar a independência financeira aos 45 anos. E eu escolhi esse número como limite. Queria porque queria estar “aposentado com essa idade”. Nessa época eu já fazia investimentos no mercado de ações, mas meus resultados eram medianos para ruins. Foi nessa mesmo período que mudei minha estratégia de investir para ativo...

O pé sente o pé quando sente o chão

Tem uma frase famosa que algumas pessoas costumam dizer que é mais ou menos assim… “só vai dar valor depois que perder”. Obviamente, a maioria das pessoas que falam isso é porque estão se sentindo desvalorizadas, seja em um relacionamento ou no emprego. Mas não deixa de ser algo verdadeiro. É somente na ausência de algo que sentimos sua falta, neste sentido só sente falta de enxergar quem possui alguma deficiência visual, do contrário ela apenas enxerga e nem percebe a maravilha que é desfrutar deste sentido do corpo. A felicidade depende do sofrimento para que seja percebida. A frase que dá título a este post ” O pé sente o pé quando sente o chão” é de Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda. É incrível como é verdadeira e perturbadora, só temos consciência de nosso corpo quando ele entra em contato com atrito de algo, seja uma roupa confortável ou um sapato apertado. O primeiro emprego que eu tive com carteira assinada foi como office boy em uma importante agência de propaganda e m...