Pular para o conteúdo principal

Vai que a casa cai

Quem já está na caminhada para independência financeira (IF) ou já atingiu sua tão sonhada liberdade, precisa ter muita atenção a margem de segurança para que não seja pego, como se dizia antigamente, com as calças curtas.

Eu uso como base a regra dos 4% para saber qual seria o número aceitável para deixar o trabalho, porém sabemos que nas condições atuais com juros reais na casa dos 2%, ter resultados de 4% acima da inflação não é uma tarefa para leigos.

Aqueles que estão limitados a renda fixa precisam começar a estudar outras modalidades de investimento. É possível que os juros até voltem a subir, mas dificilmente teremos taxas de 1% ao mês como a tempos atrás.

Neste sentido, margens de segurança são essenciais para dar sustentabilidade ao plano de IF.

Primeiro – Não utilizar toda renda – Assim como durante o período de acumulação, não usar toda fonte de renda para custear despesas e estilo de vida. Coisas ruins acontecem e ter flexibilidade, tanto no estilo de vida como em nosso orçamento ajuda a passar por eventuais problemas que, inevitavelmente, acontecerão.

Eu, por exemplo, bati o carro mês passado, apesar de não ter acontecido nada grave. Tive despesas bem acima da média, inclusive poderiam, caso eu não tivesse margem, comprometer meu plano FIRE.

Poderia ser um aumento repentino de despesas com moradia, uma doença na família ou uma fonte de renda, que por algum motivo, parou de remunerar.

Leia também: O problema de ser dono

Segundo – Trabalho temporário – Considerando uma carteira de investimentos diversificada, que ajuda a mitigar os riscos. Podemos considerar trabalhos temporários para aumentar a renda e cobrir gastos inesperados. As vezes, algumas poucas horas por dia evitam a necessidade de alterações na carteira e estratégia de investimentos.

Terceiro –  Estilo de vida flexível – Se for o caso, mudar para uma casa menor ou um bairro mais barato. As vezes, morar em uma casa menor porém em um bairro melhor localizado ajuda a reduzir muitos gastos. Por exemplo, bairros de classe média alta possuem escolas públicas de ótima qualidade e serviço de saúde diferenciados (nem parecem públicos). Não estou dizendo que deve negligenciar a educação dos filhos, mas precisamos observar que existem alternativas ao ensino particular e de qualidade. Mudar de cidade e até de pais são possibilidades, quando se alcança IF, questões geográficas podem ser trabalhadas com maior flexibilidade.

Quarto – Aposentadoria tradicional – Nós que desejamos aposentar cedo, nem cogitamos depender do governo e INSS, no entanto, é um direito de todo brasileiro. Com a nova previdência, a idade mínima para aposentar passa dos sessenta anos. Claro, não vamos esperar até lá para atingir a IF, mas sabemos que haverá (deus queira!!) um recurso, nem que seja pequeno para complementar a renda na terceira idade. Como afirmei, essa é apenas uma margem de segurança. Não recomendo a ninguém que espere por aposentadoria tradicional sobre a pena de se aposentar como um indigente, mas também não podemos desprezar esse benefício.

Sei que esses exemplos não se aplicam a todos, mesmo porque cada pessoa tem estilo de vida, custos, despesas e receitas diferentes e tudo deve ser analisado de forma individual/familiar. Só preciso compartilhar o sentimento de confiança que atingimos quando consideramos margens de segurança para IF.

Sempre haverá um… “e se”, que amedronta, estressa e até paralisa. Para esses “e se” a margem de segurança funciona como lubrificante que facilita as engrenagens da grande roda da independência financeira girar.

Imagem por Free-photos – Pixabay

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A realidade após três anos de FIRE

Com o último post, recebi algumas perguntas sobre como está minha vida neste momento e para matar a curiosidade de quem estiver interessado. Vou atualizar agora: A minha realidade após três anos de FIRE Investimentos Após aproximadamente 3 anos, meu patrimônio cresceu uns 25% e a renda passiva mais de 50%. Ano passado a média de reinvestimento ficou próxima de 30%, que é a meta que estipulei. A inflação tem sido uma preocupação pois meus gastos subiram por volta de 40%. Nesse sentido é muito importante ter atenção aos investimentos corrigidos pela inflação, mas também na recuperação de ativos que não seguem o ciclo econômico inflacionário, que é o caso dos fundos imobiliários. Falando em fundos imobiliários, existe uma constante tensão sobre a taxação e também as regras que estes ativos são submetidos. Enfim, esse é o risco Brasil, além disso ainda existe a constante impressão de que boa parte dos gestores de fundos estão trabalhando apenas em favor próprio. Mesmo assim ainda vejo esse...

Como eu atingi a independência Financeira

Acho que essa é uma das maiores curiosidades de alguém que está começando no mundo dos investimentos e que deseja atingir a independência financeira. Uma coisa importante que preciso falar é que nunca tive um super salário, minha profissão não tinha nada de especial, não sou nenhum gênio dos investimentos e tão pouco tive a sorte de dar a tacada certa. Eu sempre fiz investimentos, desde que comecei a ganhar dinheiro sempre guardei alguma parte, porém eu só adquiri a visão de longo prazo para alcançar a independência financeira aos 27 anos de idade, ou seja, 10 anos atrás. Então qual o secredo? Foco na Renda Quando eu tinha 27 anos, tracei um planejamento para alcançar a independência financeira aos 45 anos. E eu escolhi esse número como limite. Queria porque queria estar “aposentado com essa idade”. Nessa época eu já fazia investimentos no mercado de ações, mas meus resultados eram medianos para ruins. Foi nessa mesmo período que mudei minha estratégia de investir para ativo...

O pé sente o pé quando sente o chão

Tem uma frase famosa que algumas pessoas costumam dizer que é mais ou menos assim… “só vai dar valor depois que perder”. Obviamente, a maioria das pessoas que falam isso é porque estão se sentindo desvalorizadas, seja em um relacionamento ou no emprego. Mas não deixa de ser algo verdadeiro. É somente na ausência de algo que sentimos sua falta, neste sentido só sente falta de enxergar quem possui alguma deficiência visual, do contrário ela apenas enxerga e nem percebe a maravilha que é desfrutar deste sentido do corpo. A felicidade depende do sofrimento para que seja percebida. A frase que dá título a este post ” O pé sente o pé quando sente o chão” é de Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda. É incrível como é verdadeira e perturbadora, só temos consciência de nosso corpo quando ele entra em contato com atrito de algo, seja uma roupa confortável ou um sapato apertado. O primeiro emprego que eu tive com carteira assinada foi como office boy em uma importante agência de propaganda e m...