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99% FIRE mas aquele 1%...

Nós do Movimento FIRE que buscamos a independência financeira (IF) como ferramenta para fazer o que bem entender da vida, ou em outras palavras, ter a possibilidade de mandar qualquer um a merda. Ainda que tenhamos a IF não somos totalmente livres, temos que lidar com aquele 1% que pode fazer total diferença em nossas vidas.

Super-heróis de histórias em quadrinhos, hippies e aventureiros de Hollywood

Imagine que você trabalha organizando eventos para uma empresa que presta serviços para um superlaboratório, destes que fazem remédios para doenças crônicas e sem cura como diabetes, Aids/HIV e câncer. Suponha que em um destes eventos você descobre que um dos medicamentos ( o mais vendido e lucrativo) está causando a morte, ainda não comprovada, de milhares de pessoas.

Você obviamente gostaria de denunciar, porém terá sua vida profissional e pessoal arruinada, e pior, sua família  correrá enorme risco. Nós até aceitamos pagar o preço por nossos atos, mas ver nossos filhos ter os sonhos arruinados pelo resto da vida já é outra coisa. Empresas como esta, que lidam com produtos altamente lucrativos em escala global, não tem o menor problema de usar seu poder político e financeiro para destruir você, sua família e amigos.

É por isso que super-heróis são solteirões movidos apenas pelo senso de justiça. A Meri Jane, namoradinha do Homem Aranha, sabe muito bem disso, apesar do desejo de estar junto de seu amor, para seu próprio bem, nunca será a senhora Aranha. Personagens como 007, Indiana Jones, esses caras que salvam o mundo nos filmes de ação vivem o mesmo drama, sempre entre o lado pessoal e o ato heroico que arruína sua vida sentimental e familiar.

Os Hippies são os caras com modo de vida mais livres que conheço na atualidade. Graça a capacidade de criar seu próprio sustento pelo artesanato, além de uma vida quase precária e nômade. A simplicidade, desapego material e quase ausência de desejo de consumo. Esses caras vivem uma filosofia e recursos equivalentes para mandar o mundo a merda. Neste sentido isso é muito mais fácil de conseguir ser totalmente livre se estivermos um degrau abaixo do que sendo parte das classes com alta renda.

Na verdade, empresas desejam funcionários, na sua maioria, casados e com filhos, de preferência com uma enorme hipoteca para pagar em longos anos. Liberdade é a última coisa que seu empregador deseja como característica nos funcionários. Essa história de empowerment, muito atual no mundo corporativo e executivos com MBA não passa de conversa fiada, e digo mais, o melhor escravo é alguém que recebe um alto salário e tem consciência disso. Essa pessoa se apavora com a possibilidade de perder o emprego. Ela é um cachorrinho adestrado, obediente e domesticado.

Caso nós do Movimento FIRE, quisermos lidar com questões que fogem o âmbito puramente financeiro, temos que ter a consciência de que a liberdade é muito mais complexa do que estamos acostumados a discutir e estudar. Não é apenas uma renda passiva, livre das amarras de quem quer seja que nos torna totalmente livres.

As vezes é necessário arriscar a pele dos outros. Algo que foge puramente do nosso controle e este é nosso Calcanhar de Aquiles.

Imagem por Marie_BookWood – Pixabay

Bibliografia: Arriscando a própria pele _Nassin Taleb

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