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A Gourmertização da vida e o consumo romântico

Hot dog gourmet, cerveja, hamburger, sorvete, barbearias, açougue e uma infinidade de coisas receberam o sobrenome gourmet. A modinha de colocar o gourmet como adjetivo nas coisas para dar um ar de diferenciação e por consequência, fazer as pessoas se sentirem especiais por consumir essas coisas e pagarem (sorrindo) trinta reais em um pão com salsicha não me parece muito inteligente, pelo menos para quem consome, mas ninguém questiona.

O Adjetivo gourmet serve para que as pessoas possam pagar caro por produtos com baixo teor de alguma coisa sem parecerem ridículas. Você pensa que a função de food trucks gourmertizados à restaurantes caros é alimentar as pessoas, mas na verdade eles são muitos bons em cobrar o olho da cara em pratos bem decorados a um custo mínimo de produção (modelo de negócio).

Neste sentido podemos dizer que as pessoas que possuem um pouco mais de dinheiro, tornam-se vítimas de empresas e pessoas que querem dar uma beliscadinha em suas contas bancárias e seus gordos benefícios de vale refeição, fazendo que percam qualidade de vida por seu próprio modo de consumo e estilo de vida. No entanto, como podemos chamar essas pessoas, com renda superior que noventa por cento da população, de vítimas?

Consumo Romântico

Eu amo viajar, se tem uma coisa que eu já gastei bastante dinheiro na minha vida foi com viagens. Existe uma máxima em que diz que viajar não é gastar, é investimento.

Consumo romântico é o culto à experiência, ao valorizar o sentir. Gastar dinheiro com experiência é valorizar pessoas e não coisas. Um conceito dificilmente questionado por quem quer que seja.

Com certeza esse tipo de consumo é benéfico a nossa vida na medida em que traz felicidade e não necessariamente nos torna acumuladores, porém é importante rejeitar a ideia de que se não estiver comprando objetos, roupas ou qualquer tipo de quinquilharia você não é consumista.

Não seria interessante questionar a necessidade que temos de viajar todo feriado prolongado que aparece? Até que ponto estamos condicionados a fazer isso porque não aguentamos a rotina a qual nos permitimos submeter todos os dias? E sim, estas práticas de consumo romântico, são exatamente a mesma coisa que passar um dia no shopping.

Afinal de contas, qual a diferença de consumo entre pagar caro em um smartphone ou em uma viagem para o exterior se não existe nenhum propósito?  Não sou contra o consumo, mas a partir de que momento posso considerar que minha viagem terá mais valor que sua ida ao shopping center?

Em outras palavras essa história de gastar dinheiro com experiências pode ser apenas uma desculpa (das mais esfarrapadas) para lidar com as próprias frustrações, gastando dinheiro, sem sentir culpa depois.

O que você pensa sobre tudo isso? Deixe sua opinião.

Imagem por Alexas_fotos – Pixabay

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