Pular para o conteúdo principal

Você é tão forte quanto seu elo mais fraco

No início desta semana vi uma matéria sobre a crise de saúde do corona vírus em que uma cidade importante do norte Brasil, apesar de possuir vagas em UTI e respiradores não estava conseguindo atender os pacientes que precisavam de leito. Depois de investir milhões na contratação de equipes médicas e respiradores, as unidades de UTI não funcionavam por falta de remédios de sedação.

Parece mentira, mas uma estruturado gigantesca não podia operar por falta de insumos básicos.  Isso me lembra a frase do escritor Nassin Taleb que afirma:

Você é tão forte quanto seu elo mais fraco.

Modernidade e Globalização

Quando estudava o ensino médio a globalização era algo muito discutido em sala de aula, naquela época a internet ainda era coisa só para grandes corporações e governos de primeiro mundo. No entanto o mundo que vivemos hoje já estava desenhado. Via-se a globalização como a solução para a troca de informações, produtos e serviços a ponto de dar visibilidade a qualquer pessoa e empresa no planeta.

Hoje ao olhar de forma retrospectiva percebo que esse fluxo sem fronteiras trouxe muitas oportunidades e desenvolvimento. No entanto aumentou ainda mais a diferença entre nações, e o pior, criou uma teia tão interligada que fazer o dever de casa não é suficiente. Momentos de pandemia (2020) como os de hoje são prova de que o modelo atual não é saudável. Não importa se você possui dinheiro, organização e responsabilidade. Vai depender de outra nação para salvar a vida de seus parentes.

A centralização da produção mundial, seja ela de produtos industrializados ou de insumos leva a uma dependência totalmente frágil entre nações. Qualquer falta de chuva em um país super produtor de alimentos leva a desabastecimento, aumento de preços e fome para os povos menos favorecidos. Precisamos com urgência repensar o consumo para um formato mais regional independente.

Redundância vs eficiência

A natureza sabe das coisas, não a toa nos deu dois pulmões, dois olhos entre outros órgãos que o organismo poderia funcionar com apenas um. Tudo que vemos na natureza hoje que sobreviveu a milhares de anos é robusto. Mas para a modernidade e em nome da eficiência quase tudo o que fazemos na atualidade opera no limite, sistemas totalmente frágeis. Os MBAs mais renomados do mundo pregam a eficiência, afinal o que tiver ocioso não passa de excesso, não é mesmo?

Então equipes são enxutas, construções são feitas para suportar exatamente o peso ao qual foi projetado. E mesmo aqueles feitos para suportar cargas de estresse como as construções que resistem a terremotos, estão limitadas ao último  evento de maior magnitude.

É assim que um evento raro faz todo estudo cientifico milimetricamente eficiente virar pó, a exemplo de Fukushima e outros muitos que foram surpreendidos com a força de algo nunca visto antes.

A eficiência faz o mundo ser mais perigoso na medida que não existe folga para variações repentinas e em maior grau que a média. Um sistema hospitalar com vagas estatisticamente eficiente não tem a menor chance diante de uma pandemia ou um terremoto.

A modernidade e a globalização nos trouxe eficiência e conforto, pena que está nos tornando cada vez mais frágeis.

Imagem por Ivana Divišová

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A realidade após três anos de FIRE

Com o último post, recebi algumas perguntas sobre como está minha vida neste momento e para matar a curiosidade de quem estiver interessado. Vou atualizar agora: A minha realidade após três anos de FIRE Investimentos Após aproximadamente 3 anos, meu patrimônio cresceu uns 25% e a renda passiva mais de 50%. Ano passado a média de reinvestimento ficou próxima de 30%, que é a meta que estipulei. A inflação tem sido uma preocupação pois meus gastos subiram por volta de 40%. Nesse sentido é muito importante ter atenção aos investimentos corrigidos pela inflação, mas também na recuperação de ativos que não seguem o ciclo econômico inflacionário, que é o caso dos fundos imobiliários. Falando em fundos imobiliários, existe uma constante tensão sobre a taxação e também as regras que estes ativos são submetidos. Enfim, esse é o risco Brasil, além disso ainda existe a constante impressão de que boa parte dos gestores de fundos estão trabalhando apenas em favor próprio. Mesmo assim ainda vejo esse...

Como eu atingi a independência Financeira

Acho que essa é uma das maiores curiosidades de alguém que está começando no mundo dos investimentos e que deseja atingir a independência financeira. Uma coisa importante que preciso falar é que nunca tive um super salário, minha profissão não tinha nada de especial, não sou nenhum gênio dos investimentos e tão pouco tive a sorte de dar a tacada certa. Eu sempre fiz investimentos, desde que comecei a ganhar dinheiro sempre guardei alguma parte, porém eu só adquiri a visão de longo prazo para alcançar a independência financeira aos 27 anos de idade, ou seja, 10 anos atrás. Então qual o secredo? Foco na Renda Quando eu tinha 27 anos, tracei um planejamento para alcançar a independência financeira aos 45 anos. E eu escolhi esse número como limite. Queria porque queria estar “aposentado com essa idade”. Nessa época eu já fazia investimentos no mercado de ações, mas meus resultados eram medianos para ruins. Foi nessa mesmo período que mudei minha estratégia de investir para ativo...

O pé sente o pé quando sente o chão

Tem uma frase famosa que algumas pessoas costumam dizer que é mais ou menos assim… “só vai dar valor depois que perder”. Obviamente, a maioria das pessoas que falam isso é porque estão se sentindo desvalorizadas, seja em um relacionamento ou no emprego. Mas não deixa de ser algo verdadeiro. É somente na ausência de algo que sentimos sua falta, neste sentido só sente falta de enxergar quem possui alguma deficiência visual, do contrário ela apenas enxerga e nem percebe a maravilha que é desfrutar deste sentido do corpo. A felicidade depende do sofrimento para que seja percebida. A frase que dá título a este post ” O pé sente o pé quando sente o chão” é de Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda. É incrível como é verdadeira e perturbadora, só temos consciência de nosso corpo quando ele entra em contato com atrito de algo, seja uma roupa confortável ou um sapato apertado. O primeiro emprego que eu tive com carteira assinada foi como office boy em uma importante agência de propaganda e m...