Os dez mandamentos para ficar milionário na Bolsa

Ao garimpar algumas das muitas paginas de sites que visito diariamente, sempre encontro matérias que poderia replicar neste blog, para que, este também seja um canal de leitura da matéria. 

Eis abaixo um bom texto para ser apreciado e discutido. 


Quais são os mitos atribuídos ao dia a dia da bolsa?

fotomateria

Os dez mandamentos para ficar milionário na Bolsa


Por Felipe Miranda

Se Moisés trabalhasse na Rua XV de Novembro nº 275, no bairro do centro em São Paulo, dificilmente teria sucesso. Não há absolutamente nada escrito em pedra quando se trata de finanças. Essa foi uma de minhas primeiras (e mais importantes) lições sobre investimentos, apreendida depois de pagar caríssimo por palestra de uma das maiores lendas de investimentos dos EUA. Em troca de alguns milhares de dólares, ouvi apenas: “Não há nada a ser dito. Não existem técnicas escritas na pedra. Tentar passar receitas para ganhar dinheiro seria uma leviandade. Podem ir para suas casas”.

No maior dos paradoxos, essa talvez seja a única regra, a de que não existe fórmula mágica. Eu já perdi dinheiro na Bolsa. O Stuhlberger já fez apostas erradas. E até mesmo o Warren Buffet ficou alguns bilhões mais pobre com a crise.

É a principal lição. Sendo assim, resta-nos apenas alguma heurística capaz de nos ajudar. Fica esclarecido desde já que ganhar dinheiro de forma sistemática em Bolsa exige muito mais do que qualquer curso de seis meses. Deixo aqui sugestões jogadas aos ávidos pela diquinha esperta (afinal, isso parece ser a única coisa que interessa, não é mesmo?):

  1. Não leia mídia brasileira, especialmente a dita especializada. Acompanhar noticiário econômico apenas o fará confundir ruído com sinal, resultando em perda financeira. Entretenha-se com a New Yorker e esqueça a qualidade precária do jornalismo econômico nacional. Como resume Taleb, considerado pelo NYT o pensador mais quente do planeta, “no map is better than a wrong map”. Adote postura semelhante em relação aos relatórios do analista de sua corretora.

  1. Compre tudo o que o Eike compra. Suas empresas são dotadas de um excelente corpo técnico e os negócios em que está inserido contam com ótimas perspectivas. Se as coisas começarem a ir mal, ele venderá uma pequena fatia dos ativos para investidores estrangeiros por um preço escorchante, dará uma entrevista dizendo que está próximo a fechar um belo deal ou doará ativos para a empresa na física.

  1. Esqueça as dicas de investimento do seu cunhado. Se até ele está sabendo da “novidade quente”, as informações já foram incorporadas aos preços dos ativos há um século. Desconsidere este item se seu cunhado for o Eike.

  1. Aposte em ao menos um ataque terrorista a cada cinco anos e tente ganhar dinheiro com isso. São os eventos raros que movem o planeta. E eles não são tão raros assim quanto você supõe.

  1. Fuja das ações do setor telecom brasileiro. Quando os fundamentos estiverem mais atrativos, o controlador encontrará a forma mais eficiente de driblar os minoritários.

  1. Lembre-se que gráficos retratam apenas a evolução da ação no tempo. Qualquer tentativa de lucrar a partir disso será tão consistente quanto um cara e coroa. Padrões passados não necessariamente repetir-se-ão no futuro. A rigor, não temos sequer a capacidade de identificar verdadeiros padrões.

  1. Saiba que ações não são empresas, muito embora os pseudo-intelectuais tentem diariamente vender essa ideia. Caso deseje se desfazer de seu ativo financeiro, sugira ao controlador da companhia trocá-lo por algumas mesas e cadeiras. Anote a resposta.

  1. Entenda que o diretor de sua corretora o enxerga como um sardinha cuja vida útil é negativamente correlacionada com o número de operações feitas por dia (isso é efetivamente verdade e está no própriobusiness plan das corretoras – já vi 6, 8, 10 meses, mas nunca passa de um ano). O home broker é o grande cassino brasileiro e a banca adora quem joga muito (embora morra logo).

  1. Tenha completo desprezo por quem se propuser a apresentar o alfabeto grego.  Alfa, beta, teta, vega e coisas parecidas são tentativas ginasiais de linearizar a evolução do preço dos ativos. Não há nada linear no mercado e qualquer aplicação de estatística gaussiana deve ser rechaçada.

  1. Torça para ser agraciado pela deusa Fortuna. A sorte conta muito no mercado financeiro, apesar da resistência dos financistas em reconhecer. É compreensível: isso poderia custar-lhes suas cátedras.


Felipe Miranda é analista da Empiricus

Autor(a): Empiricus

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