O emprego encantado

Na Grécia antiga, acreditava-se que para ter uma vida feliz precisávamos alcançar a Eudaimonia, ou seja, o perfeito alinhamento entre os cosmos e sua essência integrando o conjunto de composição do universo. A exemplo disso, o cachorro late, o mar mareia, o vento sopra e o pescador, feito em sua essência para pescar, é a perfeição em vida.

Desta forma a única coisa necessária para uma vida feliz é você descobrir qual é o seu dom para estar devidamente alinhado com os cosmos.  Senna era piloto tão perfeito que ninguém tinha dúvidas que ele estava no emprego certo, era o perfeito alinhamento com o universo. Resultado disso, uma vida plenamente feliz, mesmo que breve, mas intensa e feliz.

Passados dois mil e quinhentos anos descobrimos que os cosmos não tem alinhamento nenhum, o universo é uma bagunça e essa história não faz mais muito sentido para o mundo atual.

Emprego Encantado

Com a ascensão da religião protestante, o trabalho ganhou o significado divino. Antes, o trabalho seria profano e a religião sagrada. Depois, o emprego passou a se tornar um dos maiores indícios de uma vida religiosa bem sucedida. Desta forma, como descrito no livro Dinheiro e Vida:

” …o emprego agora desempenha a função que tradicionalmente pertencia a religião: ele é o lugar em que buscamos respostas para as eternas perguntas ” Quem sou eu”?, Porque estou aqui? Qual a finalidade de tudo isso?”.

A gente aprendeu a romantizar o emprego como algo perfeito que deveria trazer, satisfação, significado, status, prazer e dinheiro. Tudo isso ao mesmo tempo e que  ainda permita dedicar energia para a família, lazer, saúde física e mental.

Maano… para de viagem! Isso não existe. Não importa se você for um professor de surf em Bali ou um Rock Star. Tudo, mas tudo mesmo, tem seu lado ruim. Você pode amar sua profissão, mas vai ter dia que não terá saco, sempre vai ter coisa ruim para fazer. O que gosta hoje é bem provável que não vá curtir daqui a dez anos.

Existe uma grande discussão que devemos fazer o que amamos e tudo isso é muito bonito, mas na prática a teoria é outra. É por isso que defendo a Independência financeira como alternativa para não sermos refém do emprego, do patrão ou de si próprio. Com a IF, você tem a opção de lidar com o trabalho ou não, tem a possibilidade de simplesmente mudar caso não queira mais. Recomeçar quantas vezes  quiser e se for o caso, até de não fazer nada.

Desta forma, na dúvida, procure o emprego que remunera da melhor forma possível e compre sua liberdade. Se puder unir os dois, ótimo.

Escuto pessoas dizendo que amam seus empregos, mas na menor oportunidade correm como diabo corre da cruz em um feriado prolongado ou férias. Que amor é esse?

Não existe emprego encantado, não tem profissão perfeita, vamos parar de romantizar o que deveria ser mais prático e buscar pelo menos algum resultado financeiro ou significado para o que fazemos.

Imagem por Freephotos – Pixabay


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