O plano que não pode ser mudado não presta

No início deste ano eu resolvi mudar meus planos, resolvi antecipar em cinco anos a minha saída do mundo corporativo. A verdade é que não sei se terei de mudar novamente, mas tenho certeza que o bom plano é aquele que permite mudanças.

O plano que não pode ser mudado não presta

Está muito na moda hoje em dia a tal da crise dos trinta. Entre os muitos motivos para tal crise estão os objetivos profissionais. Afinal de contas, a gente chega aos trinta e ainda não nos tornamos diretores das empresas que trabalhamos, não temos uma conta bancária gorda e nem mesmo a vida pessoal está lá essas coisas.

A vida não está nem aí para o seu planejamento – Fernando Viana

O ponto de não retorno 

Eu costumo (não com a frequência que gostaria) fazer trilhas, mais exatamente travessias, ou seja, você sai do ponto A com objetivo de chegar no ponto B. Muitas vezes são necessários mais de um dia para chegar ao objetivo final, acampar no meio do caminho, racionar água e comida, ficar sem comunicação por dias. Ou seja, um perrengue danado, mas que compensa imensamente no final. 

Uma das coisas que observo nessas travessias é o ponto de não retorno, ou seja, o momento em que voltar é mais custoso que ir até o final.  É o estágio em que, mesmo sem querer seguir não tem escolha, pois, voltar é mais difícil. Ou vai ou vai!

Trazendo para a vida, me deixa bem chateado a pessoa que chega em certo momento da vida totalmente infeliz e não se permite mudar ( o teórico ponto de não retorno). Claro, você pensa… já investi tanto tempo, batalhei por tudo isso que conquistei até agora, não posso simplesmente jogar tudo para o alto.

É como saber que está cavando o buraco no lugar errado para encontrar ouro, e, por já ter se esforçado tanto não pára de cavar. Ou então comer algo que está ruim só porque pagou caro.

Oras, se está indo para o caminho errado, o que adianta continuar caminhando? Por que diabos quando estamos fazendo um serviço que não nos dá significado focamos ainda mais no trabalho.

Tipo, estou fazendo algo que  não gosto, aí para superar isso faço uma MBA. E lá vai eu ficar mais infeliz ainda com o resultado.

Como diria Murilo Gun… “Nunca é tarde para mudar mas é sempre cedo para desistir”

Plano B, C, D…

Lá atrás, quando escolhi que curso iria fazer na faculdade, defini o destino da minha vida, do início ao fim, será? 

Já faz um bom tempo que matrimônio deixou de ser para sempre, porque ainda temos que casar com nossas profissões para o resto da vida? 

Estudei engenharia, mas quero ser cozinheiro, estudei marketing, mas o que gosto mesmo é de educação física. Trabalho à 15 anos em um grande banco, mas sonho em fazer decoração de festas. Por que não?

Sei… vai dizer – Dinheiro, preciso pagar as contas! A prestação da casa, do carro, das últimas férias, da especialização que nem gostaria de estar fazendo. Como mudar agora?

Algemas de ouro

Muita gente não gosta do que faz, se sente deslocado defendendo a empresa que trabalha, mas por possuir um bom emprego, um ótimo salário, se apega a uma situação que odeia, que distância da família, dos amigos e dos seus sonhos.

Algemas de ouros são tudo aquilo que traz algo de benéfico, porém te aprisiona, te impede de viver de acordo com sua natureza, suas vontades.

Mantém seus amigos preconceituosos com medo de ficar só; leva um casamento de aparência por questões financeiras; se apega ao consumo para substituir uma vida sem propósito.

Você odeia seu emprego, mas se apega a ele pelo dinheiro pois traz uma vida confortável e segura. Apesar de ter grana é pobre pois não tem domínio sobre seu tempo de vida.

Tudo isso é algema, é prisão. É muito estranho mas é geralmente tudo aquilo que nos facilita a vida que nos aprisiona, saber isto é o primeiro passo para ser livre, ou em outra palavra, rico.

“Para que olhas para o cofre? A liberdade não pode ser comprada. Assim, é inútil colocar nome de liberdade em documentos: não pode ser comprada nem vendida. Esse bem deve dar a ti mesmo, peça-o para ti. Primeiro, livra-te do medo da morte , depois, deves perder o medo da pobreza.” – Sêneca

Entenda que não se deve jogar tudo para o alto mas apenas ter consciência daquilo que nos aprisiona, que nos afasta de viver por nossos próprios meios, de ter uma vida plena e não influenciável pelo dinheiro ou pelo conforto, de buscar a solução de problemas complexos com idéias que não são nossas, condicionadas pela sociedade. 

Não importa se as algemas são feitas de ouro, sempre continuarão sendo algemas.

Imagem por Rickson Liebano – @rickdl

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