Ações e longo prazo devem ser associação obrigatória para investidor

A cada dia surgem mais evidências de que investir na bolsa de valores deve ser um projeto de longo prazo e que a riqueza instantânea é algo reservado à sorte (mais especificamente, ao ganhador da Mega Sena acumulada). Duas matérias publicadas hoje, uma no jornal Valor Econômico e outra na Folha de São Paulo, ressaltam para o investidor a importância de se pensar no longo prazo na hora de investir.

Na matéria do Valor Econômico, profissionais do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) - entidade responsável pela certificação internacional CFP (Certified Financial Planner), afirmam com todas as letras que a história de ganhar muito dinheiro no mercado financeiro é um mito, e que a renda obtida pelo trabalho é a única maneira de enriquecer. Claro, os profissionais afirmam que usar bem as ferramentas do mercado financeiro ajudam a aumentar a poupança adquirida com o trabalho de maneira a garantir uma aposentadoria tranquila.

Daí algum leitor poderia dizer que há uma série de profissionais que passam o dia operando no mercado financeiro para aumentar o capital próprio ou de outras pessoas. Na prática, esses profissionais vendem os seus conhecimentos do mercado e ganham dinheiro assim, não estão ganhando dinheiro investindo o próprio capital de casa. Ou seja, é necessário trabalhar para poder ter sobras financeiras a cada mês e aí sim investir essas sobras para multiplicá-las.

A segunda matéria, da Folha, mostra que o brasileiro planeja pouco a sua aposentadoria. A matéria cita um estudo feito pelo banco HSBC em 17 países chamado “O Futuro da Aposentadoria” que será divulgado amanhã pelo banco. O resumo da pesquisa é que, embora quae . Embora quase metade dos brasileiros se reconheça despreparado financeiramente para se aposentar, menos de um quinto associa a vida de aposentado à ideia de aperto econômico. Ou seja, todos esperam que o dinheiro venha de algum lugar quando eles pararem de trabalhar.

A ligação entre as duas matérias vem da comprovação de que há uma dificuldade grande das pessoas em abrir mão de prazeres agora para poder tê-los no futuro. Para muitos, não faz sentido poupar 10%, 15% ou 30% da sua renda atual para poder desfrutá-la dali há 15, 25 ou 35 anos. A vida é curta, é necessário aproveitá-la agora, ninguém sabe o dia de amanhã ou (a pior de todas) o futuro a deus pertence. Sim, tudo isso é verdade, mas o que você faz hoje define o que você será amanhã. Poupar agora para ter depois deveria ser um mantra a ser repetido por todos os que desejam um futuro tranquilo.

E onde entra a bolsa de valores nessa equação? A bolsa é um negócio arriscado por natureza, pois envolve a capacidade das empresas de perpetuarem-se em um mercado em constante mutação. Pessoas que investiram na Paranapanema nos anos 70, na Telebrás nos anos 80 ou mesmo na Petrobras há uns três anos podem ter perdido bastante dinheiro se investiram tudo apenas nessas empresas. Mas, se montaram um portfolio variado e acompanharam com atenção as idas e vindas da bolsa, é muito certo que tenham visto seu patrimônio crescer bastante nesse período. Pode ser que não tenham se tornado milionárias, mas com certeza têm uma situação confortável.

E a bolsa é o elemento que pode multiplicar seu patrimônio além da renda fixa. Vamos supor que o investidor compre títulos do Tesouro Direto, uma das melhores aplicações que existe. Se o título render 12% ao ano, ele verá seu patrimônio inicial dobrar depois de sete anos. Se ele comprou ações no início de 2009, porém, ele viu esse patrimônio quase dobrar ao final de apenas um ano (a bolsa subiu 81,88% em reais, quase 150% em dólares). Óbvio que os céticos dirão que em 2010 a pessoa não ganhou nada. Mas, se ela manteve o dinheiro investido, ela continuou com um ganho próximo a 80% em dois anos. Em 2011, a bolsa continua andando de lado, mas se ela se recuperar e conseguir fechar o ano com valorização de 5%, que é uma média das novas projeções do mercado, será uma valorização de 84% em três anos, aproximadamente. E a situação da economia mundial, ainda que periclitante, tende a melhorar no longo prazo.

Investir em bolsa requer estratégia e paciência. A estratégia é necessária para se definir metas de investimento, para escolher uma tática com a qual a pessoa fique confortável e para tomar decisões sem levar em conta a emoção do momento ou o cenário do dia. E paciência é necessária para evitar que os contratempos de uma semana, mês ou ano de perdas desestimulem o investidor e o façam desistir da bolsa. Vale sempre lembrar que o investidor em ações só perde dinheiro de verdade quando ele vende um papel a um preço menor do que ele comprou. Enquanto ele não fizer isso, se ele comprou 1000 ações da Vale ele continuará tendo essas 1000 ações, seja qual for a cotação delas.

E se alguém tem alguma dúvida de que pensar no longo prazo deveria ser o motivador principal para se comprar ações, recomendamos a leitura dessa matéria publicada no jornal Valor Econômico de 08 de fevereiro de 2006, “Carlos Lessa e a arte de lucrar com ações” (http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?pag... Se um ex-presidente do BNDES afirma com todas as letras que é possível ter uma aposentadoria tranquila comprando ações, quem somos nós, pobres mortais, para duvidar?

Bons Investimentos!

Sobre o Autor

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