Perder tempo para ganhar vida

A expressão “Tempo é dinheiro” nunca foi tão cultuada em nossa sociedade. Qualquer tempo utilizado com coisas que não sejam focadas para remuneração, desenvolvimento profissional e empreendedorismo é visto como tempo perdido.

Perder tempo para ganhar vida  

Além da ideia de tempo útil ser aquele utilizado para alguma atividade rentável, ainda existe a terrível sensação de que o tempo disponível não é suficiente para a quantidade de compromissos e tarefas que precisamos cumprir ao longo do dia.

Quando nos deparamos assistindo uma novela, brincando de vídeo game, jogando baralho,  fazendo um churrasco em dia “útil”… oi!? Então dias em que exercemos atividade não remuneradas são “inúteis”?

Não deveria nos causar estranheza essa expressão ¨dia útil¨? Útil para quem? Será que utilizar um dia útil para coisas teoricamente inúteis nos faz mais pobres e infelizes?

Lembro que certa vez, de férias, paguei uma boa quantia de dinheiro para ver o sol nascer. Acho que todo mundo acha esse fenômeno lindo, a escuridão que se rompe aos poucos com os primeiros brilhos de sol, a sombra que se projeta nos relevos e as cores únicas, tanto das nuvens como do próprio céu, é incrível. 

Depois desse dia  eu fiz uma reflexão nada romântica. Porque eu paguei para ver um fenômeno natural que se repete todos os dias onde eu moro, e de graça? Afinal é o mesmo sol, o mesmo céu ( talvez um pouco mais poluído), a mesma Terra, ou seja, a mesma coisa.

¨A sensação de tempo desperdiçado resulta da falta de conexão entre o que fazemos e o nosso propósito” – Mario Sergio Cortella

 Não é costume dedicar algumas horas para acordar antes do amanhecer e apreciar o nascer do sol, sem nenhum interesse ou teórico retorno útil. 

 Nessa ideia de não perder tempo seguimos perdendo vida. Vendemos nosso tempo para ganhar dinheiro e depois pagamos com o mesmo dinheiro para apreciar coisas perfeitamente disponíveis de graça todos os dias. 

Para não passarmos por tontos, damos o nome a isso de férias, feriados ou em menor proporção, happy hour. Assim o tempo não rentável (inútil) ganha um significado de valor. 

 Usar uma segunda-feira para ver o sol nascer ou parar para brincar com uma criança por algumas horas pode até não ser produtivo, comercial ou rentável, mas as experiências são existencialmente rentáveis.  

Você perde tempo, mas ganha vida.

Este post foi inspirado em trechos do livro A Sorte Segue A Coragem, Mario Sergio Cortella, Ed. Planeta 

Imagem por dana279 – Pixabay

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A realidade após três anos de FIRE

Como eu atingi a independência Financeira

Hippie Urbano é o Caralho