As 3 etapas da Independência financeira

Muito se questiona qual é a melhor estratégia para viver de renda considerando uma aposentadoria antecipada. Temos que ter a consciência de que não existe receita de bolo e veremos, se for pesquisar, inúmeras formas válidas e possíveis de lidar com a construção e o momento de usar esses recursos acumulados. Porém, não importa a estratégia ou forma de fazer seus investimentos, todo investidor terá de passar pelas etapas abaixo:

Período de Aporte

É o período inicial, onde focamos todo nosso esforço em fazer o máximo de poupança possível, geralmente esse é o momento que a maioria dos candidatos a se tornarem FIRE desistem, isso acontece porque esse é o momento difícil e demorado de ver as coisas acontecerem.

Seria mais ou menos como passar a arrebentação das ondas na praia, aquele local que depois de transposto tudo fica mais calmo. A grande maioria não consegue transpor esse estágio e por consequência nunca serão surfistas de verdade.

Nós, por natureza, temos muita dificuldade de enxergar a longo prazo, é por isso que é muito difícil convencer pessoas a deixarem hábitos ruins como o tabagismo, os efeitos estão ocultos pelo tempo, como só podem ser vistos e sentidos no futuro, essa miopia (dificuldade de enxergar longe) é uma grande barreira para o investidor iniciante.

Período de acumulação

Este é o momento que a mágica começa a acontecer, de repente você começa a se surpreender com depósitos inesperados na sua conta, de uma forma maravilhosa, e geralmente até antes do que estávamos prevendo, você percebe que todo esforço feito começa a valer a pena.

Neste período já conseguimos exercer o músculo da prosperidade ao ponto de visualizar a independência financeira como algo totalmente acessível. É neste período que considero que ultrapassamos o ponto de não retorno. Sabe aquele momento que desistir é mais trabalhoso que continuar?

Aqui o rendimento dos investimentos já são mais importantes que o aporte, ou seja, o retorno do capital investido passar a ter maior peso no crescimento que os valores aportados. Por isso fica cada vez mais evidente a necessidade de estudar e investir com sabedoria, e mais ainda, ter uma estratégia de investimentos já alinhada com seu objetivo de investidor rentista.

Neste caso algumas perguntas precisam ser respondidas:

  • Quando começar a fazer as retiradas, irá viver apenas de dividendos e juros, mantendo o principal ou fará uso da regra dos 4%, consumindo parte do principal?
  • Qual estratégia garante melhor proteção contra inflação?
  • Seus investimentos estão alocados no mesmo país e moeda que escolheu viver na aposentadoria?
  • Caso a resposta seja negativa, quais estratégias de proteção cambial poderá adotar para mitigar as oscilações?
  • Irá complementar sua renda com algum trabalho remunerado?
  • Suas despesas, após deixar o trabalho, serão menores ou maiores?

Estes são apenas alguns exemplos de perguntas que devem ser feitas para alinhar seus investimentos da melhor forma possível para a última etapa da Independência Financeira.

Período de Retirada

Enfim, chegou o momento que você viu seus rendimentos ultrapassarem suas despesas, aquela sensação de ganhar dinheiro dormindo já está presente na sua vida e agora é o momento de dar o grito de independência.

Muito se fala do perigo dos primeiros anos FIRE, ou seja, caso o primeiro ano que começar a fazer as retiradas forem anos ruins para os investimentos, isso pode trazer grande impacto a longo prazo. Esse também é um medo constante para aqueles que escolheram a estratégia de vender parte dos investimentos todos os anos.

Eu particularmente, apesar de conhecer os argumentos válidos com relação à estratégia, prefiro o plano de uma carteira previdenciária, focada 100% em renda, assim, mesmo em anos ruins como o que estamos vivendo (2020) os rendimentos, apesar de sofrerem alguma redução, não param. Além disso, o valor do patrimônio passa a ser apenas uma métrica de vaidade. Não importa se teve queda de 30% no valor de sua carteira no ano, desde que ela continue pagando os rendimentos planejados, não tem porque se preocupar, a médio/longo prazo ela irá se recuperar e crescer mais que a inflação.

O topo da montanha é para poucos

Por incrível que pareça, não é fácil desapegar do trabalho e da antiga vida, na verdade, quando você percebe que o dinheiro deixa de ser o problema, os outros aspectos se evidenciam.

Nossa sociedade aprendeu a reconheceu o esforço e o trabalho como grande valor pessoal, quando você não precisa mais de nenhum destes para viver com qualidade, precisamos ressignificar nossos próprios valores, pois caso contrário, nos sentiremos deslocados. Sem dúvidas, as pessoas irão nos julgar e cada vez mais nos sentiremos mais solitários.

Por isso, procurar ajudar outras pessoas a fazer e conquistar o que conseguimos passa a ser um grande desejo, até egoísta, de fazer um mundo e sociedade mais consciente e responsável com dinheiro.

Imagem por Art Skoo

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